" - Eu conheço um planeta onde há um sujeito vermelho, quase roxo. Nunca cheirou uma flor. Nunca olhou uma estrela. Nunca amou ninguém. Nunca fez outra coisa senão contas. E o dia todo repete como tu: 'Eu sou um homem sério! Eu sou um homem sério!' E isso o faz inchar-se de orgulho. Mas ele não é um homem; é um cogumelo!
- Um o quê?
- Um cogumelo!
O príncipe estava agora pálido de cólera.
- Há milhões e milhões de anos que as flores produzem espinhos. Há milhões e milhões de anos que, apesar disso, os carneiros as comem. E não será importante procurar saber por que elas perdem tanto temo produzindo espinhos inúteis? Não terá importância a guerra dos carneiros e das flores? Não será mais importante que as contas do tal sujeito? E se eu, por minha vez, conheço uma flor única no mundo, que só existe no meu planeta, e que um belo dia um carneirinho pode destruir num só golpe, sem saber o que faz - isto não tem importância?!
Corou um pouco e continuou em seguida:
- Se alguém ama uma flor da qual só existe um exemplar em milhões e milhões de estrelas, isso basta para fazê-lo feliz quando as contempla. Ele pensa: 'Minha flor está lá em algum lugar!'
Mas se o carneiro come a flor , é, para ele como se todas as estrelas repentinamente se apagassem! E isto não tem importância?
Não pôde dizer mais nada. Imediatamente se pôs a soluçar. A noite caíra.
(...) Eu não sabia mais o que dizer. Sentia-me envergonhado. Não sabia como consolá-lo, como me aproximar dele... É tão misterioso o país das lágrimas!
(DE SAINT-EXUPÉRY, Antonie. O Pequeno Príncipe, 48°.Edição. AGIR)
beijos ;**
Fiquem na paz!
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